JOGO 45 – Pó de parede x Trocando em miúdos

JOGO 45
(2º jogo do Grupo 15)

Pó de parede,
de Carol Bensimon (Não Editora / 2008)
x
Trocando em miúdos,
de Luiz Paulo Faccioli (Record / 2008)

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JUIZ
Lucas Murtinho –
É economista, editor, preparador editorial e tradutor, mais ou menos nessa ordem. Nas raras horas vagas, organiza a Copa de Literatura Brasileira.

O JOGO

Apesar de não ser um hábito brasileiro, gosto muito do full disclosure anglo-saxão, então aí vai: Carol Bensimon foi jurada de uma das edições da Copa de Literatura Brasileira, que ajudo a manter num nível aceitável de desorganização, e não fosse uma virose que peguei em Paris, provavelmente, teríamos nos encontrado para jantar num excelente e despretensioso restaurante chinês na rue au Maire. Não conheço Luiz Paulo Faccioli.

Grande fã de Chico Buarque, abordei com desconfiança Trocando em miúdos e sua proposta de contos inspirados na obra do portento de olhos verdes. Os potenciais motivos para vergonha alheia eram muitos: adaptação desleixada, fidelidade superficial, exploração marqueteira. Em vez de me animar, o mote do livro me deixou suspeitoso.

Me surpreendi positivamente. Faccioli evita com facilidade as armadilhas da homenagem proposta, variando sua abordagem de acordo com as necessidades de cada conto. Alguns, como À francesa ou Outra noite, ficam próximos do espírito e da matéria das letras que lhes inspiraram, com o acréscimo de elementos que encorpam a trama. Em outros, como Um dia depois de outro dia, a canção serve apenas como ponto de partida e o conto segue por direções inesperadas. E em pelo menos um caso, Mar e lua, Faccioli não se furta a trair abertamente a letra de Chico: a história do amor de duas mulheres, que na canção termina de forma onírica e rebelde (“e foram virando peixes/ virando conchas, virando seixos/ virando areia, prateada areia/ com lua cheia/ e à beira-mar”), ganha no conto um desfecho tristemente banal (“Um belo dia resolveram se casar e casaram. Com diferença de dias.”).

Mar e lua é um dos cinco contos de uma página em Trocando em miúdos. Outros árbitros do Gauchão reclamaram dos minicontos, e o próprio autor, nas caixas de comentários do campeonato, concorda que eles não têm lugar no livro. Eles não me incomodaram, talvez porque eu não tenha pensado neles como mais do que vinhetas entre contos “de verdade”. Enquanto minicontos, quatro dos cinco cumprem sua função: são sacadas espertas que provocam um sorriso ou uma pontada. A exceção é Suburbano coração I, pelo seu final algo exagerado e também pela confusão criada pela existência de um Suburbano coração II: por alguns parágrafos fiquei com a impressão de que as protagonistas dos contos eram a mesma pessoa, o que transmite uma ideia errada da personagem do segundo.

O grotesco referido acima é a única derrapada do erotismo presente na maior parte dos contos do livro. No seu jogo, Felipe Polydoro criticou a presença de uma moral retrógrada no livro de Faccioli, mas minha impressão foi praticamente oposta: é frequente a celebração do sexo e do desejo como elementos catalisadores de mudanças. O miniconto Mil perdões, por exemplo, elogia relacionamentos abertos, e Suburbano coração II mostra o renascer de uma solteirona virgem pelas virtudes do tesão. Verdade que essa celebração é ambígua: o relacionamento aberto acaba, o encontro romântico da solteirona se limita a uma cervejinha e uma trepada. Mas essa ambiguidade é ponto a favor do livro, cujos contos evitam doutrinar o leitor.

Estava tudo pronto, portanto, para Trocando em miúdos marcar uma saraivada de gols e arrebentar com todos os adversários. Mas há dois problemas. Um talvez seja do livro, e o outro certamente é do árbitro.

A prosa de Faccioli é correta, e é esse o primeiro problema. Não há muito que marque esses textos, que os torne memoráveis. Fazer essa declaração e esperar que o leitor deste jogo confie em mim e aceite-a como fato é ridículo, mas a exposição necessária para substanciá-la exigiria um tempo e um talento que não tenho. A saída que encontro é repetir aqui um parágrafo escolhido ao acaso no livro, para ver se ele me ajuda a convencer o leitor:

Quando enfim ela abriu os olhos, ele ressonava mal acomodado, quase a cair do sofá. O álcool talvez tivesse provocado o sono. Recolheu-o murcho na proteção do seu abraço e ficou acordada perdendo a noção do tempo. A música havia muito já silenciara, o burburinho de sábado foi minguando na rua, um resto de cerveja esquentava no fundo de uma garrafa. De repente ele acordou e num segundo punha-se de pé. Catou a roupa, vestiu-se apressado, precisava ir embora ou perdia a condução. Ela se cobriu como pôde, olhou desorientada para a bagunça da sala e para o amor que já estava de saída, assim tão cedo. Que má impressão não levaria, santo Deus!

Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar: da frase enumerativa com três elementos (a música, o burburinho, um resto de cerveja) à ênfase dada pelo ponto de exclamação, o texto de Faccioli é exasperadamente adequado. O estilo de jogo, para finalmente começar a usar as obrigatórias analogias futebolísticas, é o do Brasil de 94 sans Romário: posse de bola, toquinho para o lado, o gol é apenas um detalhe.

É verdade que num momento Faccioli tenta inovar, mas essa tentativa acaba sendo a grande bola fora do livro. Em Biscate, tanto a voz de malandro de um dos narradores é inconvincente quanto a ideia de dispor o texto em duas colunas paralelas para espelhar o dueto da canção homônima não funciona, confundindo o leitor sem muito ganho para a história.

Uma linguagem apenas correta não é empecilho incontornável se pudermos trabalhar com boas tramas, mas aí é o árbitro que atrapalha o andamento do jogo. Meu comentário sobre enxergar os minicontos como vinhetas já indicou que não tenho grande apreço por narrativas curtas. Gosto de me envolver com os personagens, e é difícil conseguir isso em dez ou vinte páginas. Os maiores contos de Trocando em miúdos têm dezoito. E é admirável que um conto como Depois que ele chegou, sem dúvida o melhor do livro, consiga em apenas dezoito páginas transmitir tanto sobre a paixonite teimosa de um menino por uma garota mais velha. Trocando em miúdos faz um gol, por esse conto e pela forma inteligente de buscar inspiração sem se prender à musa. Mas em outras jogadas de ataque faltou perna para o time chegar ao gol – ou o juiz viu impedimento onde não havia, fica ao gosto do freguês.

Compare o parágrafo retirado aleatoriamente de Trocando em miúdos com esse, retirado aleatoriamente de Pó de parede:

Tomás vai se deitar no chão, perto de onde está brotando o calor, onde há gramas e trevos, nunca os de quatro folhas por mais que se procure bem de perto, e ainda a grama na verdade está meio virada em palha, com furos expondo a terra. Floquinhos se desprendem das hastes verdes quando incomodadas. São os saltos dos pulgões. Tomás vai esticar os dedos para afastar um papel de chocolate onde ainda resistem umas linhas marrons derretidas e que as formigas estão tratando de mordiscar. As outras crianças estão nas suas piscinas. E as formigas, o grosso delas, embaixo da terra.

Espero que mais adiante eu consiga me fazer perdoar pelo rasgo de entusiasmo a seguir, mas teses inteiras podem ser escritas sobre a frase “Floquinhos se desprendem das hastes verdes quando incomodadas”: o diminutivo, a referência do segundo adjetivo ao adjunto adverbial e não ao sujeito. Por outro lado, embirro com “estão tratando de mordiscar”: por que não apenas “mordiscam”? Outro leitor reclamará do primeiro trecho e gostará do segundo, e é por isso que a prosa de Bensimon é mais interessante do que a de Faccioli: apesar de ocasionais limitações (tem “coisa” demais no texto para o meu gosto, por exemplo) e de alguns momentos de estranheza, ela busca constantemente o diferente, o ousado, o passe de longa distância, a finta que põe o marcador no chão. E, o que é mais importante, essas apostas muitas vezes se pagam.

Paulo Scott escreve na orelha de Pó de parede que a primeira história do livro “nos faz retardar a leitura (pelo simples prazer de mantê-la, de saboreá-la)”. O contrário aconteceu comigo: passei voando por A caixa, tanto para absorver mais rápido as longas frases de Bensimon quanto para descobrir por que Alice, a protagonista do conto, estava voltando para sua cidade natal. E a descoberta leva a uma releitura, à ideia de que a verdadeira protagonista não é Alice e sim Laura, a única do trio de amigos formado pelas duas e Tomás que não teve voz no conto, sendo transmitida de forma enviesada pela narração dos outros dois.

O começo de Pó de parede é como o do Brasil contra a União Soviética em 58 ou o da Holanda na final de 74 contra a Alemanha: posse de bola total, atividade constante, talento incontestável, um gol nos primeiros minutos.

Depois o livro esfria um pouco. Em Falta céu, o segundo conto, a história mais interessante de novo ocorre quase à margem do narrado, mas dessa vez ela perde importância por estar distante demais dos protagonistas, além do seu desfecho ser menos impactante do que o da história de A caixa. E Capitão Capivara, o terceiro e último conto, merecia mais do que trinta páginas. O nojo de Clara pelas regras de ouro do gerenciamento moderno merecia ser abertamente contestado pelo menos uma vez, Carlo Bueno merecia confrontar ou se acovardar diante do pneumologista que lhe roubara a mulher e as casas em frente ao hotel precisavam de mais espaço para merecer o protagonismo no fim abrupto do conto.

Pois é, trinta páginas é um conto pequeno para este árbitro. Pó de parede tem dois com esse tamanho e um com quarenta e cinco. Só isso ajuda o livro a sair na frente de Trocando em miúdos de acordo com os meus critérios. E Bensimon consegue preencher essas páginas com uma linguagem irrequieta e frequentemente brilhante e tramas com a sustança exigida pelo leitor que sou eu, com surpresas, ambiguidades, subentendidos, zonas de sombra. Esse, aliás, é outro problema de Trocando em miúdos: a correção da linguagem é complementada por uma previsibilidade das tramas. Há pouco espaço nos contos de Faccioli para a surpresa ou a dúvida.

Linguagem e enredos de Pó de parede marcam um gol cada. Outro, de placa, é o conto A caixa. 3 a 1 no placar: o livro de Bensimon segue 100% na competição, a passos largos para conquistar o que espero ser o primeiro de muitos títulos da autora.

PLACAR
Pó de parede 3 x 1 Trocando em miúdos

VENCEDOR
Pó de parede
, de Carol Bensimon

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36 respostas para JOGO 45 – Pó de parede x Trocando em miúdos

  1. Carmen Silveira disse:

    Resultado justo!

  2. Carlos André disse:

    Já quando escrevi sobre o Pó de Parede a primeira vez havia manifestado uma certa antipatia por “Capitão Capivara”, para mim o texto mais fraco do conjunto. Depois de ler a resenha do Lucas, voltei ao livro e me dei conta de que parte de minha má vontade com o conto era exatamente pelo motivo apontado pelo Lucas: seu caráter de esboço não plenamente realizado. Na mosca: o texto parece um primeiro rascunho para um conto maior que não foi escrito. Acho que devido a isso eu me inclinaria a apontar, no lugar do Lucas, 2 a 1 em vez de 3 a 1.
    E confesso que a prosa de Faccioli ser “correta” não seria para mim um demérito do texto, então, como é óbvio, meu placar também não seria o mesmo. Mas de qualquer modo, gostei bastante da clareza da resenha, que soube se refernciar nas metáforas futebolísticas sem usá-las em excesso, fazendo uma leitura de fato literária.

  3. Luiz Paulo Faccioli disse:

    Parabéns, Carol, pela vitória!

  4. tedesco disse:

    Imaginava essa partida decidida em torturantes pênaltis após uma não menos dura prorrogação, pois, para mim, essa deveria ter sido a final do campeonato, a grande partida final desse gostoso certame. Para completar, concordo integralmente com o Carlos André quanto à linguagem do Faccioli e sobre as possibilidades de resultado, bem como sobre a boa forma de exposição e argumentação do juiz. E, ao que parece, o campeão está dado, a taça está na mão da Carol. Parabéns!

  5. mandagarah disse:

    Li os dois livros, tendo resenhado o do Faccioli aqui para o Gauchão, e discordo do resultado. Para mim, frases como “Floquinhos se desprendem das hastes verdes quando incomodadas” são o que há de pior no livro da Carol (a quem, btw, conheço há anos e respeito profundamente). A “linguagem apenas correta” do livro de Faccioli considero muito mais complexa, basta ver o impecável primeiro conto. (Concordo com o resenhista na avaliação de “Biscate”, que é dos mais fracos.)

    Aliás, uma crítica geral, que me permito por estar do outro lado do continente. Considero que o Gauchão de Literatura foi uma proposta bastante positiva (só com ele, cada um dos autores participantes já tem mais fortuna crítica que qualquer outro escritor gaúcho dos últimos vinte anos). Mas não aguento o bom-mocismo dos comentários! Cadê a polêmica? Uma proposta de colocar textos literários em disputa deveria gerar reações mais combativas – mas creio que o caráter geral do nosso sistema literário, movido pelo compadrismo e puxa-saquismo, imperou sobre a agônica metáfora futebolística.

    • Lu Thomé disse:

      Oi Mandagarah!

      Bom te ver por aqui. Da minha parte, te confesso que me surpreendi com os comentários (e com o teor deles). Pela qualidade da nossa produção e dos nossos leitores, tinhamos condições de dar um banho nos comentaristas da Copa de Literatura, da qual participei ativamente no ano passado, e me lembro de ver exemplos de amor e ódio, mas de qualidade na discussão. Quem sabe uma só edição do Gauchão não é suficente para anular esse compadrismo. Talvez… Ainda tenho esperança para o ano que vem com os romances (mais lidos no mercado, será?). E sinto um pouco de saudades da galera que, mesmo anonimamente, teve coragem de dizer algumas coisas por aqui no início do campeonato.

      Mesmo assim, sigo esperançosa na crítica e na participação. 🙂

      • Carol Bensimon disse:

        Bem apontado, Mandagarah, sinto falta das polêmicas também. Acho que tem muito de bom-mocismo sim (tanto que vários dos comentários iniciais, como disse a Lu, eram anônimos), mas pesa bastante o fato de muitos dos leitores não terem lido a maioria dos livros que estão sendo julgados.

  6. De minha parte, gostaria também de mais polêmica. O que de fato interessa aos envolvidos se situa acima da linha da discussão, e nunca abaixo dessa. Por isso, sou um defensor intransigente da dialética — embora quase ninguém mais se ocupe dela.
    No que diz respeito à resenha do meu livro, sempre deplorei o autor que se põe a polemizar com o resenhista, por isso me contive quando a vontade era contrapor argumentos. Respeito as críticas e o placar no jogo, mas há um detalhe extravagante no texto que me desgostou profundamente. Como ninguém até agora parece tê-lo notado ou se incomodado com isso, só posso atribuir aos novos tempos sua aceitação de forma tão passiva.
    Vida longa ao Gauchão!

    • mandagarah disse:

      Realmente não notei o que mencionas. Mas, desenvolvendo mais, me incomodou um pouco o critério de transformar o desvio linguístico em padrão estético. Em termos de teoria literária, isso seria voltar a Jakobson ou aos Formalistas Russos. Que era uma teoria que funcionava, na época do Alto Modernismo, mas não responde mais hoje em dia.

  7. Eu não comentei nunca por aqui. De vez em quando acompanho os jogos, mas, como a Carol escreveu acima, muitas vezes não se comenta pois não lemos grande parte dos livros. Eu não li, então praticamente não tenho conteúdo pra opinar, a não ser quando leio algo do tipo “Pois é, trinta páginas é um conto pequeno para este árbitro.” Tchê, pelos argumentos dá pra aceitar qualquer resultado, desde que os argumentos tenham fundamento e medir conto por tantas páginas ou dizer que 30 páginas é pequeno é pequeno por parte de quem lê. Conto é conto, desde que não seja microconto que daí, na época do meu tataravô se chamava “máximas”. Trinta páginas não é nem um pequeno conto e nem um conto pequeno. Disso eu posso falar porque quando escrevo um que chega em 10 páginas pra mim é uma enormidade. Tem que ensebar muito pra gozar em 10 páginas, imagina em 30. E ainda chamar de pequeno. Pra mim argumento totalmente desproposital. De resto não leio com o intuito de achar correto. Curto ficar manipulando as letras na minha mente. Então existem histórias que me fazem entrar pra dentro do livro e outras, daí já depende do LSD que o autor coloca na disposição das palavras, me fazem ver música no lugar de letras e por aí vai. A distância ajuda o cara a ver de fora pra dentro, Pedro. E isso é bom. Ainda mais pra nós, gaúchos.

    • Marcelo, concordei com a apreciação do Lucas sobre o “Capitão Capivara” mas não pelo “número de páginas”, e sim pela maneira como o conto soluciona os elementos que vai desdobrando no desenrolar do texto. O conto é um conto, ok. Mas o efeito que ele provoca vem de como foi construído, não importa quantas páginas tenha. Como Carol flagra uma unidade mais ou menos extensa de tempo para um longa e alterna dois focos narrativos, abrindo ainda outros personagens secundários interessantes, o conto avança aos saltos abrindo diversas linhas que no final são costuradas de modo abrupto. Não falo aqui dos subentendidos do texto, mas há uma série de elementos que Carol semeia na história que intrigam o leitor mas não são desenvolvidos. Para fazer uma comparação com A Caixa, que considero o melhor do livro, neste a autora também alterna entre focos e entre instâncias de tempo, mas por lidar, no fim, com um único mote, a relação dos três improváveis amigos, consegue manter seus elementos conexos e descreve um arco perfeito que se encerra sem sobras nem faltas.
      O número de páginas é só um detalhe – até porque o “Pó de Parede” tem um tamanho diverso dos volumes normalmente postos no mercado, ele é um pouco menor que um livro comum e um pouco maior que os de bolso. Logo, as 30 páginas seriam menos se o livro tivesse o tamanho padrão.

  8. Carol Bensimon disse:

    Agora fiquei curiosa a respeito do “detalhe extravagante”. Conta aí, Luiz Paulo! 🙂

    • Recorro aqui à grande Amalia Rodrigues e a seu fado: “de quem eu gosto, nem às paredes confesso!”
      Um beijo.

      • Acho que seria um elemento interessante da discussão, Luiz Paulo. Já que foi mencionado, não vejo por que não partilhá-lo, ainda mais porque sei que isso seria feito com a tua elegância habitual.

        Também acho que poderia haver mais debate – até tentei puxar alguns ao longo do campeonato, mas no fim as maiores polêmicas do gauchão foram mesmo aquelas em que o autor se manifestou. As discussões talvez ainda tenham que avançar – ou quem sabe, no ano que vem, quando os livros serão romances, tenhamos um número maior de leitores que já leram o livro para comentar – se bem que na Copa nacional muita gente comenta sem ter lido também, então não atribuo apenas a isso.

  9. Como estudioso e autor de poesia, confesso que frequento as formas narrativas como diletante. E como um torcedor na arquibancada acompanhei boa parte dos jogos deste gauchão, excetuando-se o momento em que vesti o uniforme de árbitro para PÓ DE PAREDE X AS GRADES DO CÉU.
    E é como torcedor da boa literatura que digo: li o livro do Faccioli e 1º não achei nada previsíveis suas narrativas; 2º BISCATE inova e agrada (onde está o “inconvincente” referido pelo juiz?); 3º o jogo redondo e afinado do “time” é tudo o que eu gostaria de ter para o futebol (do campo esportivo) do meu time no mundial que vem aí: desde quando constância e regularidade depõem contra o próprio time? Finalmente, um detalhe fora do jogo: se entendi bem, há uma simpatia inicial, uma amizade entre o juiz e a Carol (cujo livro é, concordo, muito bacana!)… não seria o caso de ter sido indicada outra arbitragem pelas orientações aos convidados a árbitro?

    • Lu Thomé disse:

      Oi Marlon!
      Como organizadora do campeonato, quero te responder sobre a tua dúvida a respeito da arbitragem. As orientações enviadas aos juízes sinalizam a necessidade de que ele – o juiz – ao se sentir incomodado por qualquer razão sinalize o seu impedimento. Ao não fazê-lo, está assumindo as responsabilidades quanto à isenção de sua arbitragem. Não posso falar pelo Lucas. Mas conhecendo-o pessoalmente como conheço, e sabendo de sua responsabilidade e isenção no tratamento da Copa, não interpreto como verdadeiro impedimento o fato de que a Carol tenha participado de uma edição da Copa de Literatura como jurada.

      Acho que, se puder fazer uma avaliação mesmo antes do término do Gauchão, quero ressaltar que, no fim das contas, o perfil dos juízes tem contado muito (verdadeiramente) para o direcionamento do campeonato. Mas convites (não aceitos) a escritores consagrados não faltaram. Isso poderia ter modificado tudo. Quem sabe no ano que vem. Uma coisa é certa: não parei de aprender um só minuto e projetar mudanças e melhorias para a edição de 2011.

      • Lu, entendo que deve partir do convidado qualquer impedimento de participação, e também não quis sugerir nenhuma suspeita sobre o árbitro. A ponderação que fiz foi no sentido de me colocar no lugar do público e do adversário direto da partida: nesse caso, declarar que conhece um, com quem já trabalhou junto, com quem jantaria etc, enfim, pode gerar suspeita nos mais desconfiados. Bem, que fique claro que não estou questionando a lisura do processo ou dos envolvidos nele.

    • Finalmente o Marlon veio em meu auxílio e falou por mim o que me incomoda na resenha. Não posso achar correto o árbitro iniciar a partida já anunciando sua amizade por um dos competidores. Mesmo que o coração se incline previamente para um dos lados — e olhe o outro com desconfiança, como ele mesmo afirma –, há sempre um protocolo a ser seguido. Usar da sinceridade e de uma expressão em idioma estrangeiro não minimiza o óbvio conflito de interesse. E, para completar, o juiz não se limita à partida à qual foi convocado e faz uma prospecção do resultado final do certame, desconsiderando, sem a menor elegância, o fato de que há outros competidores e outros jogos pela frente. Por mais bem fundados que sejam seus argumentos, tudo o que se situa entre o primeiro e o último parágrafo da resenha está comprometido com a ideia de que o time preferido do árbitro tem de ganhar.

      • Lu Thomé disse:

        Luiz Paulo!
        Eu acho que, nesse jogo, tem muitas questões que vão além disso. Mas, em primeiro lugar, quero te dizer da confiança que eu tenho no Lucas. Tanto como organizador da Copa quanto como resenhista. Se ele falhou foi em ser detalhista demais, deixando claro todos os posicionamentos dele sobre os livros, e uma avaliação futura que ele poderia fazer (visto que tem muito mais experiência nessa brincadeira do que todos nós). Como o Lucas não se indicou impedido para apitar o jogo e (na minha opinião – Lu Thomé) essa foi a final antecipada que eu achei que ocorreria, considerei uma homenagem (já que o Gauchão se inspirou no projeto dele) e um desafio ele apitar esse jogo que seria difícil. Eu precisava de um resenhista qualificado. O Pó de parede teve mais divulgação nacional do que no RS. E, com a final do campeonato, eu não queria desqualificar as resenhas futuras, visto que muitos dos juízes convidados optaram por não participar. Claro que eu corri o risco. Mas continuo segura da minha decisão.

        Beijos!

      • Lucas Murtinho disse:

        Luiz Paulo e Marlon,

        Acho curiosa a reação de vocês: o que está em questão, pelo que entendi, não é minha relação com a Carol e sim o anúncio de que tal relação existe. É como se eu pudesse ser um grande amigo da Carol, desde que não expusesse isso no texto.

        Marlon, você diz que o full disclosure “pode gerar suspeita nos mais desconfiados”. A ideia é mesmo essa: expor elementos extraliterários que possam tornar o julgamento do crítico parcial. Minha lógica é que se estou declarando esses elementos para o público é porque estou confiante de que eles não afetam meu julgamento.

        Imaginem a situação oposta: dou a Pó de parede a vitória e depois o Luiz Paulo entra no twitter e me vê conversando com a Carol. Não ia ser estranho? Se conheço ela, por que não disse nada no momento de resenhar seu livro?

        Já tive essa sensação de leitor traído. Li uma resenha muito elogiosa de um livro publicado por uma editora que eu não conhecia. Fiz algumas pesquisas e descobri que o autor do livro era o dono da editora, que já tinha publicado diversos livros do autor da resenha. Os elogios se transformaram imediatamente numa troca de gentilezas. Eu ficaria menos desconfiado se o resenhista tivesse indicado na própria resenha que o resenhado era também seu editor.

        Enfim, o full disclosure é mesmo pouco comum no Brasil – tanto que, como o Luiz Paulo comentou, tenho que usar uma expressão estrangeira para descrevê-lo – mas é prática corrente nos Estados Unidos e na Inglaterra. No Tournament of Books, o torneio americano que inspirou a Copa de Literatura Brasileira, todo jurado faz um full disclosure sobre os autores dos dois livros do seu jogo. Tentei instituir a prática na CLB e fui voto vencido, mas continuo achando-a importante e faço questão de incluir full disclosures nos meus textos.

        Resta meu comentário sobre o resultado final do Gauchão. A observação foi fruto da minha leitura de Pó de parede, que julgo ser um livro mais do que digno de ganhar o prêmio, e do fato de que até agora ele ganhou todos os jogos que disputou. Não sei ao certo quem será o vencedor, mas acredito que o livro da Carol tem grandes chances e ficarei feliz se minha previsão estiver correta, porque o título estará em boas mãos. Foi o que quis dizer no fim da minha resenha.

      • JLM disse:

        acho q no caso em questão nem chega a tto, mas só pra ñ deixar escapar uma analogia grotesca: então os árbitros de futebol não poderiam torcer para time algum, ñ é? teríamos de perguntar antes de cada partida se ele é simpatizante ou tem antipatia a algum time, se este time está em campo, ou se o resultado do jogo afeta diretamente a classificação do seu preferido no campeonato. isso seria paranoico, mas pros torcedores do time perdedor sempre haverá uma teoria da conspiração. sei disso pq sou torcedor.

  10. Lucas Murtinho disse:

    Depois de organizar três edições da Copa de Literatura, fiquei meio cansado dessa história de polêmica. Nada contra o debate de ideias, mas muita gente parece tratar o argumento do lado contrário como uma ofensa pessoal – ou pelo menos é a explicação que encontro para responder a argumentos com ofensas: a incapacidade de distinguir um do outro. Aqui, e nas caixas de comentário do Gauchão que visitei, felizmente não vi esse tipo de comportamento.

    Luiz Paulo, eu também gostaria de saber o ponto que te desagradou no texto, até para explicá-lo ou repará-lo, ainda que num comentário.

    Marlon, apesar da resposta da Lu, acho que essa bronca é minha: eu é que deveria ter me declarado suspeito se me sentisse incapaz de ser imparcial. Não foi o caso, porque meu contato com a Carol se resume à troca de alguns emails quando ela foi jurada da CLB e alguns tuítes nos últimos meses. Mencionei isso no texto porque para mim é importante que o leitor tenha esse tipo de informação: ainda que eu não ache que minha apreciação dos contos da Carol tenha sido parcial, cada um pode tirar sua conclusão.

    Marcelo, a ideia não era desmerecer os contos curtos ou seus autores. Nunca consegui escrever um conto decente de três páginas, não vou jogar pedra em quem escreve um de cinco, ou três, ou meia. Minha intenção foi explicitar um preconceito meu que, por mais lamentável que seja, inevitavelmente afeta minha leitura. Todos nós temos esses preconceitos, e acho importante destacá-los quando estamos analisando uma obra literária. Assim, quem gosta de contos curtos sabe que o ponto de partida da minha crítica é diferente do seu.

    Ou seja, tanto no caso da minha relação com a Carol quanto no caso do tamanho dos contos eu quis passar ao leitor informações sobre elementos que afetam ou podem afetar minha avaliação das obras – uma estranha maneira de atenuar falhas tornando suas causas explícitas. Não sei se dá muito certo, mas é o tipo de informação que gosto de ter ao ler uma crítica artística.

    • Na boa, Lucas. É que EU já fui criticado mais de uma vez com o argumento de que o conto esse ou aquele era “inconcluso”. Inclusive chamando o autor de “preguiçoso”. Portanto, assim como tu prefere contos menos curtos, ou mais longos, tanto faz, e deixa isso explícito, apesar de eu não achar 30 páginas um conto curto. Enfim, como um escritor de contos curtos, que eu curto, me senti no dever de defender a falta de relação entre qualidade e quantidade que, pra mim, inexiste.

  11. Lu Thomé disse:

    Marlon!
    Fica tranquilo! Não me senti desconfortável em responder sobre isso. Claro, tem muitas coisas que não temos controle durante o processo. Mas confesso que tentamos pressumir ou quase adivinhar o máximo possível.

    E fico feliz que o pessoal esteja se manifestando mais agora, com o Gauchão chegando na sua final. Contando com a participação de juízes e leitores nos comentários, responder as perguntas é mais do que obrigação. É retorno e agradecimento! 🙂

  12. Samir disse:

    Não entendo a polêmica em relação ao Lucas ter manifestado seu desgosto por contos muito curtos. Qualquer um com uma certa bagagem de leituras formula um gosto particular, e todo – TODO – resenhista analisa com base no seu senso crítico particular, e não preenchendo requisitos num grande formulário (sei que algumas oficinas fazem isso, mas é um exercício completamente artificial e descabido, cujo propósito é só estimular o olho crítico, e não servir de parâmetro). No decorrer das coisas, como qualquer premiação ou festival (e, já que o Gauchão não envolve prêmios específicos, podemos considerá-lo mais como uma brincadeira entre desconhecidos, pra estimular leituras e críticas), envolve a obra cair no gosto particular ou conjunto de um grupo bem específico de pessoas, o que não significa necessariamente um demérito para o perdedor, até pq não existem perdedores a essa altura mais (e até o Oscar parou de dizer “and the winner is…” para dizer “and the Oscar goes to…”).

    E como disse o Pedro Mandagará, cada livro já acumulou mais fortuna crítica do que a maioria dos autores gaúchos nos últimos anos.

    P.S.: Ok, pra não ser chapa-branca total, se posso fazer uma crítica ao gauchão, é que essas metáforas com futebol, desculpem, são um saco. Acho que utilizar a estrutura de um campeonato futebolístico e um que outro trocadilho ainda valem, mas quando há mais metáfora com futebol do que fala do livro, pulo direto pro resultado logo de uma vez (não foi o caso da resenha do Lucas, especificamente, que achei bem equilibrada).

    • Desgostar de contos pequenos é de cada um. Eu questiono chamar um conto de TRINTA páginas de pequeno. Só isso. Trinta páginas é uma caralhada de páginas pra um conto. Claro que tu pode dizer que não existe uma média mundial de tamanho de contos, mas ela deve existir, e se tomar por base contistas mais famosos, Borges, Cortázar, entre outros, pode contar que em grande parte seus contos não passavam de trinta páginas, então 30 é um número razoável de medida de tamanho, não é curto. Assim como leio críticas por aí, principalmente sobre textos de autores contemporâneos, que os romances são muito curtos. Isto dito com um tom, mesmo que não tenha tom nas palavras na tela, de desprezo. Os críticos (se é que ainda existem tais), os livreiros, os editores e a imprensa evidentemente tem uma preferência histórica, catedrática e conservadora por romances polpudos como uma marca de qualidade impressa. Aquele velho papo do livro que fica em pé sozinho na estante. Mas não enxergue como um resmungo de um ranzinza, apenas uma constatação que me causa revolta, e não vai deixar de causar. Só isso.

      • Lucas Murtinho disse:

        Marcelo, você tem razão: aquela frase ficou meio definitiva demais, polêmica demais. Talvez o melhor fosse escrever que um conto de trinta páginas pode ser pequeno para este árbitro. Foi esse o meu problema com “Capitão Capivara”: tinha mais coisa para ser dita ali.

        E essa pode ser uma boa definição de “pequeno” e “grande” quando falamos de contos ou romances ou filmes: pequeno é quando falta, grande é quando sobra. “For sale: baby shoes, never worn” não é um conto pequeno, porque não falta nada. Em busca do tempo perdido não é um livro grande, porque não sobra nada. Nos dois casos, os textos são do tamanho que têm que ser.

        Claro que cada um vai ter uma opinião sobre o tamanho apropriado de um texto específico, mas aí é outra história.

  13. Oi Lu,
    não tenho confiança nem desconfiança em relação ao Lucas. Assim como ele fez questão de frisar sobre mim, não o conheço além do texto da resenha. Meu comentário se atém única e exclusivamente àquilo que li e que está publicado na página do Gauchão. Tampouco acho que, pelo que vi até agora, seja esse um caso de impedimento. Nosso meio não é tão grande assim, e é inevitável que amigos se encontrem em lados diferentes em situações como essa. O problema, a meu ver, é como contornar a realidade e ser o mais imparcial dentro do possível. Por isso falei em protocolo.
    Agradeço, no que me toca, por considerares a partida uma final antecipada, mas lembro que há outros jogos e outros concorrentes a quem devemos respeito enquanto o campeonato não termina de fato. Na imprevisibilidade dos resultados está a graça de qualquer certame.
    Beijo.

  14. A meu ver, esta foi a verdadeira final do gauchão. E deve ser bem provável que esses livros voltem na fase final.

    Mas eu queria mesmo comentar a história da polêmica. Eu comprei uma briga em outro jogo, que também teve a participação de outros comentaristas que se manifestaram acima, mas no final a discussão acabou indo pro “tá bom, senta lá, Claudia”. As pessoas preferem ler as polêmicas, não participar delas. Por isso faltou polêmica, acho.

    • Não sei se entendi bem o que tu quer dizer com esse “senta lá Cláudia” aplicado ao fato em particular.

      Ah, sim, e pelo que li na caixa de comentários, tem uma polêmica te esperando lá no jogo que tu apitou.

      • Ah, Moreira, só quis dizer que as pessoas pararam de discutir, começaram a achar que a discussão em torno dos livros e da crítica feita a eles estava descambando pro lado pessoal. Eu continuei argumentando que não era assim, e aí me responderam “Então tá…”. No fundo, quem fez a discussão descambar pro lado pessoal foi a autora do livro que perdeu, não eu, nem tu, nem qualquer outro que participou da polêmica. Mas enfim. Vou lá dar uma olhada na minha polêmica…

  15. Sergio disse:

    Concordo com o JLM. Se for para ficar procurando paranóias e questionando os “impedimentos”, vamos retornar à primeira discussão, que era justamente uma crítica nesse estilo feita pelo perdedor – Ênio Roberto. Tal comentário foi bastante criticado, inclusive pelo próprio Luiz Paulo.

  16. Quero agradecer ao Lucas, ao Luiz e a Lu pela atenção. No fim, foi uma partida com contornos típicos de gauchão (torcida em cima, reclamações ao Senhor Juiz, lances polêmicos, tempo fechado ameaçando chuva e lama no campo) mas com jogo de brasileirão série A (jogadas de efeito, golaços, variações de jogada etc), com dois grandes times – incluindo as suas fragilidades – em campo.
    E que me perdoem os detratores dessa mistura entre futebol e literatura: assim como o futebol pode dar literatura, também a literatura pode dar bom futebol.
    Uma última coisinha: há um debate com base em ideias (sem aspirações a verdades) – e não em paranoias – no meu texto e no do Luiz Paulo. Basta relê-los.

  17. Claudio disse:

    Olá!
    Queria salientar quatro pontos: 1) a elegância do Luiz Paulo, que, como mais assíduo colaborador, não poderia se omitir nesta resenha, que o contemplava ao mesmo tempo que o preteria. Foi uma aula de civilidade; 2) De certa forma, a polêmica que muitos lamentaram estar confinada aos debates iniciais voltou à cena. Talvez não a que se esperava, enfim variada, plural, em que resenhista, autores e público puderam conversar sobre seus pontos de vista; 3) Nem todas as resenhas me parecem claras, têm seus pontos de vista explicitados de maneira que o leitor possa entender o que está em questão. Esta me parece um exemplo perfeito disso, em que a torcida desbragada do resenhista pode – pode, não digo que o faz – arranhar a justeza do julgamento. Ainda que ache que Pó de Parede não é a maravilha que tantos apregoam, é fato que conseguiu mobilizar as atenções quanto nenhum outro livro até aqui; e 4) me agrada a disposição dos organizadores de comentar, explicar ou tentar melhorar o Gauchão, nas próximas edições. Também espero pelo que avaliará os romances.

    • Lu Thomé disse:

      Claudio!
      Da minha parte, reforço: a primeira edição do Gauchão de Literatura foi de aprendizagem do início ao fim. E só não tenho disposição de melhorar as futuras edições, como já estou com ideias do que quero colocar em prática em 2011, e aprimorar /melhorar o campeonato.
      🙂

  18. Claudio disse:

    Bacana, Lu. Ainda mais porque iniciativas como o Gauchão se contrapõem à falta de opções na cidade. Não há mais crítica literária em Porto Alegre! Vê-se isso nas coberturas da Feira do Livro, onde o que importa é a capa brega do dia ou as senhoras que esperam horas pelo autógrafo de David Coimbra… Se houvesse só isso sob os jacarandás eu aceitaria a cobertura pífia, mas sabemos que o mundo é mais amplo… Parabéns, novamente, a ti e aos outros envolvidos.

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