JOGO 1 – Os espiões x Estranhos, noturnos… e amantes

JOGO 1

Os espiões,
de Luis Fernando Verissimo (Objetiva / 2009)
x
Estranhos, noturnos… e amantes,
de Rosane Pereira (Editoras Associadas / 2009)

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JUIZ
Luiz Paulo Faccioli –
Nasceu em Caxias do Sul, em 1958. Escritor e crítico literário, é também músico, compositor e juiz internacional em exposições de gatos de raça. Estreou na literatura em 2000 com os contos de Elepê. Autor do romance Estudo das teclas pretas, da novela infanto-juvenil Cida, a Gata Maravilha e dos contos de Trocando em miúdos, todos editados pela Record, participa ainda de diversas antologias de contos e de crônicas. É colunista de literatura da Band News e colaborador do Jornal Rascunho, de Curitiba. Não entende bulhufas de futebol, mas já foi flagrado explicando a regra do impedimento. Por outro lado, não consegue saber ao certo por que Saramago chamou de conto uma narrativa de quase 300 páginas.

OS TIMES

Estranhos, noturnos… e amantes, estreia de Rosane Pereira na ficção, é um romance epistolar que parte de uma situação bastante corriqueira na era da internet, mas ainda original na literatura. Hesitando na hora de limpar a lixeira de seu computador pessoal, Yasmina sem querer acaba reenviando a Mathieu algumas das muitas mensagens que eles haviam trocado durante o verão em que foram amantes. Ao se dar conta do engano, escreve pedindo desculpas. Mathieu responde e, como ele também havia deletado a correspondência, propõe que os dois a refaçam. Yasmina aceita participar desse “jogo da memória”, como ela chama. Ela, assim como a autora, é psicanalista, mora em Porto Alegre e estudou em Paris. Mathieu é músico, nasceu em Paris e vive na capital gaúcha. Os dois têm gostos muito parecidos na música e na literatura; as recordações são embaladas por várias referências musicais, que vão de Frédéric Chopin (autor dos famosos Noturnos do título) ao popular Jacques Brel, e literárias, notadamente Marguerite Duras e Charles Baudelaire. O francês é outro elemento importante: os títulos dos capítulos vêm todos nessa língua, que também aparece no subtítulo da obra, Retrouvailles on-line. O jogo se adensa à medida que ele avança em direção ao rompimento. Como o leitor, ao contrário dos protagonistas, não conhece o desfecho e suas razões, a ele só resta especular por que um caso de amor com tantas afinidades teve uma duração tão curta.

O projeto gráfico, capa e editoração, assinados pelas Editoras Associadas, nada ficam a dever ao padrão de editoras maiores e já consagradas. As mensagens vêm em dois tipos de letra, marcando a diferença de autoria. A elegante capa, feita sobre uma tela do acervo da autora, ilustra e valoriza o conteúdo. O trabalho de revisão, entretanto, deixou muito a desejar e causa agora constrangimentos à autora, pois é dela, como última responsável pela publicação, que se vai cobrar deslizes facilmente identificáveis por um revisor atento e sanáveis antes de o livro seguir para a gráfica.

Os espiões é o sétimo romance de Luis Fernando Verissimo, um de nossos mais importantes e profícuos autores. Essa nova comédia de inspiração detetivesca, bem ao gosto do escritor, é narrada pelo funcionário de uma pequena editora porto-alegrense encarregado de avaliar originais e selecionar os publicáveis. Certa manhã, ele recebe pelo correio o primeiro capítulo de uma narrativa acompanhado de uma curiosa carta escrita à mão trêmula. A signatária diz ser amiga de Ariadne, a autora do texto, que planeja contar seu affaire com um amante secreto e depois se suicidar. Ariadne vive em Frondosa, cidade fictícia do interior do estado, compromete-se a entregar os demais capítulos se a obra for aceita para publicação, mas pede sigilo, temendo pôr a vida em risco caso sua intenção seja descoberta. A história fascina o funcionário, e ele decide compartilhá-la com os colegas de boemia, assíduos frequentadores do Bar do Espanhol. Dessa exótica confraria saem os espiões do título, tipos engraçados que vão ajudar o protagonista a salvar Ariadne e conduzir o caso até sua solução. Na mitologia grega, como se sabe, Ariadne é a personagem que ajuda Teseu a sair do labirinto; na história de Verissimo, a heroína é quem seduz os personagens e os atrai para dentro da própria teia.

A editoração e o projeto gráfico seguem o alto padrão da Alfaguara. A capa traz a figura de um espião semioculto atrás de um poste, excelente metáfora das trapalhadas em que vão se meter os espiões. O miolo é em papel de gramatura privilegiada, o que encorpa e dá peso a um volume de enxutas 142 páginas. A revisão foi eficiente e garantiu a correção do texto.

O JOGO

Comparar qualitativamente duas obras literárias não é uma tarefa simples. Numa resenha, compete ao analista descrever o mais fielmente possível sua percepção sobre a obra, antecipando ao leitor o que ele irá encontrar se decidir encará-la. A análise, naturalmente, será feita a partir de um juízo de valor, algo subjetivo, refém de um gosto construído ao longo do tempo e das leituras. Por isso, absolutamente pessoal e intransferível. Sendo assim, qualquer opinião emitida nesse contexto deve ser tomada em sua exata dimensão: uma mera opinião, passível sempre de ser contestada. Por outro lado, a resenha pode também ensejar comparações, mas a partir da obra analisada e mantido o foco nela. Já a comparação aqui proposta implica definir parâmetros mais específicos, pois, como observou há pouco uma colega de ofício, não é possível comparar ovos com girassóis. Ocorre que, para efeitos desta brincadeira, quem define os parâmetros é quem compara, e aí voltamos ao começo, agora com o agravante de a opinião do árbitro ter uma consequência mais séria: eliminar um dos competidores.

No presente jogo, a referência a ovos e girassóis faz todo o sentido: as duas obras têm mesmo pouquíssimo em comum. De um lado, Estranhos…, um drama cujos protagonistas vasculham lenta e penosamente as gavetas abandonadas de uma frustração amorosa em busca talvez de algum sentido para o que viveram e onde o humor passa longe. Do outro, Os espiões, uma comédia que emula as novelas de suspense e mistério, brincando com os clichês do gênero na clara intenção de divertir o leitor. De um lado, um livro que vem com todo o viço e o frescor de uma estreia, querendo ser original e reivindicando seu espaço num universo cada vez mais exíguo. Do outro, a obra de um autor consagrado, um best-seller cujo maior desafio é se reinventar a cada novo lançamento.

Já de saída, os times apresentam diferentes posturas. O de Verissimo entra rápido em campo, ávido de logo mostrar a que veio: aberto o volume, a página do falso rosto; nova página, a folha de rosto; no verso, a ficha técnica; nova página, uma epígrafe do pintor De Chirico; nova página, o primeiro capítulo. Estranhos… entra vacilante: primeira página, a reprodução em preto e branco da pintura da capa; nova página, a folha de rosto com a ficha técnica no verso; noutra, a dedicatória; noutra, o agradecimento; vira-se essa, uma epígrafe de Duras no original e sua tradução, ao lado de uma de Baudelaire e sua tradução; nova página, um prefácio assinado pelo escritor Pedro Gonzaga; outra, os endereços eletrônicos dos personagens; mais uma, a epígrafe da autora; outra, e — là voilà! — finalmente começa a história.

Essa diferença de ritmos não é fortuita e vai se repetir ao longo de todo o jogo: o time de Verissimo é ágil e bem treinado, vê na concisão uma virtude estilística e exige a atenção redobrada do leitor para que ele não perca algum detalhe e se confunda ali no dobrar da esquina. O de Pereira, ao contrário, joga lento e pesado, numa conversa interminável cujos detalhes podem até interessar aos protagonistas, mas se torna muitas vezes enfadonha ao leitor.

A avidez de Os espiões pela vitória leva o time a marcar um gol já no primeiro minuto:

Formei-me em Letras e na bebida busco esquecer. Mas só bebo nos fins de semana. De segunda a sexta trabalho numa editora, onde uma das minhas funções é examinar os originais que chegam pelo correio, entram pelas janelas, caem do teto, brotam do chão ou são atirados na minha mesa pelo Marcito, dono da editora, com a frase “Vê se isso presta”.

Nessas poucas linhas, Verissimo usa a referência a um clássico da música brasileira para introduzir o personagem, com a aparente simplicidade e o senso de humor que vão nortear toda a narrativa. A descrição do volume de trabalho de um garimpeiro de talentos literários não poderia ser mais eficiente. É um início instigante, para se dizer o mínimo.

Já Pereira não obtém o mesmo efeito inaugural:

Mathieu,
Nosso encontro foi uma das coisas mais intensas que me aconteceram. Bela e delicada frase, muitas vezes verdadeira e bastante usada por amantes que se separam. Obrigado por ter pensado em dizê-la naquela mensagem de despedida. O definitivo não foi tua bela frase, mas sim o que logo em seguida acrescentavas, quase a título de assinatura: sou o morto do teu verão. (Os negritos são do original.)

O árbitro apita a falta: o time não consegue driblar o lugar-comum e tropeça de cara nesse temível adversário. O caso descrito como “uma coisas mais intensas que me aconteceram”, a frase “bela e delicada” e, pior, “muitas vezes verdadeira” — mon Dieu!, exclama o juiz — são emblemáticos do que ainda virá, e a narrativa não vai mais surpreender quanto a esse aspecto, seguindo até o final exatamente como começou.

Aqui existe enfim um parâmetro para comparação, e ele nasceu da primeira impressão que teve o árbitro ao concluir as duas obras: ambas lidam com o clichê. A diferença é que Verissimo o chama à cena para troçar dele, e faz isso com toda a sofisticação que só uma vasta leitura proporciona; já Pereira não o percebe e por ele se deixa enganar a todo momento. O problema da frase feita é a inocuidade. Observe-se outra situação, agora pinçada na segunda metade de Estranhos…, quando Yasmina comenta uma soirée de ópera em Paris: “Don Giovanni estava, como sempre, grandioso, terrivelmente humano”. Eis aí um comentário que não quer dizer rigorosamente nada: é mais do que óbvia a grandiosidade de um espetáculo operístico que é também uma das obras-primas de Mozart, e assim não seria caso não fosse humano; o “terrivelmente” é a cereja do bolo, o superlativo à la Nietzsche posto ali para disfarçar o clichê mas que só faz aprofundá-lo.

Chega-se então a outra diferença substancial: enquanto as referências de Verissimo são sutis (a canção do início do romance, a lenda de Teseu, etc.), inseridas com naturalidade na narrativa, Pereira apenas coleciona citações a torto e a direito, com o nítido propósito de criar um clima condizente com a erudição dos personagens. Mas o tiro sai tristemente pela culatra. A lendária atriz Sarah Bernhardt, que dá nome a um café em Paris, vira “Bernard”; Marguerite Duras tem o prenome acrescido de um “h” e se torna “Marguerithe”, desde a epígrafe e para todo o sempre; o compositor Claude Debussy, famoso também pelo perfeccionismo, vira-se no túmulo com o acento agregado a seu nome (“Débussy”); a violoncelista Jacqueline du Pré é rebatizada como “Dupré”. Deslizes desse tipo interferem na fruição. Imagine-se, a título de analogia, o estrago que poderiam produzir algumas notas erradas numa sinfonia de Beethoven.

E segue o baile: “Mas no fundo foi melhor, nada me teres dito”. A vírgula mal colocada, que é outro grave e recorrente problema, está na mesma página em que o leitor quase enfarta ao se deparar com um “não esqueçe” (assim mesmo, com “ç”). A filha de Yasmina, violoncelista com tarimba suficiente para solar o Concerto de Elgar numa audição em Paris, “foi ao fundo da alma de cada um com sua arte”, segundo Mathieu, o mesmo que lança mais tarde um petardo em direção à ex-amante: “não te dás jamais ao luxo de te poupar de sofrer”!

“Tenham dó de mim”, geme o árbitro.

Um abismo separa as duas obras também no que diz respeito aos personagens. Os de Verissimo são tipos comuns, desses com quem o leitor topa todos os dias e dos quais o autor ilumina o lado caricato e, portanto, mais risível. Já os de Pereira sofrem do mal da idealização. São todos cultos e de gosto refinado: além dos protagonistas, que flanam por Paris com o ar blasé que parece roubado de um filme da nouvelle vague, há sempre lugar para uma filha concertista ou um ex-marido diretor de cinema, mas não para um só porteiro ou um jovem drogado (noutras palavras, alguém de carne e osso) que mereça algum relevo na trama.

O jogo se encaminha para o final. Estranhos… faz um gol pela originalidade da concepção e pelo esforço da autora em publicar na estreia uma obra que exigiu um certo fôlego. Mas também um gol contra pelos clichês e pela série de erros apontados. Os espiões marca um golaço pela condução precisa e segura da trama, outro pelo genial começo e um terceiro pela inventividade e graça da história.

PLACAR
Os espiões 4 x 1 Estranhos, noturnos… e amantes

VENCEDOR
Os espiões
, de Luis Fernando Verissimo

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20 respostas para JOGO 1 – Os espiões x Estranhos, noturnos… e amantes

  1. tailor diniz disse:

    Esta aqui ganhou o jogo, LP: “Imagine-se, a título de analogia, o estrago que poderiam produzir algumas notas erradas numa sinfonia de Beethoven.” Parabéns, abraços!

  2. Foste legal, hein? Ou foi um 4 x 1 com o LFV perdendo MUITOS gols?

  3. Athos disse:

    Li “Os espiões” e gostei. Possivelmente a melhor narrativa do LFV, pelo menos, a que mais me agradou.
    Infelizmente, não li “Estranhos…”, no entanto, vejo que o árbitro, além de apitar, fez uma “auditoria” nas equipes. Parabéns pelas análises.

  4. Tatiana Tavares disse:

    Confesso não ter lido ainda “Os Espiões”, mas depois dessa partida, irei direto a ele. Parabéns pelo texto e pela análise apurada, Faccioli!

  5. xerxenesky disse:

    Essa frase inicial d’Os Espiões é sensacional, né? Vontade de usar em qualquer currículo que tenha espaço para Formação Acadêmica.

  6. B. Eduardo Nogueira disse:

    não li (nem vou ler) Estranhos… e estou na metade de Os espiões, mas o Luiz Paulo Faccioli parece ter conseguido encontrar critérios para a difícil tarefa de apitar uma disputa entre obras tão diferentes.

    o que me causou certa decepção foi saber que um livro com erros tão grotescos como “esqueçe” e “mas no fundo foi melhor, nada me teres dito” esteja participando do CGL.

    parece razoável que com 48 times a primeira fase deva ser mata-mata. menos razoável é saber que este número, que prejudica o funcionamento do campeonato, é resultado de extrema condescendência.

    ainda assim, sou um fã dessa iniciativa e vou acompanhar jogo a jogo este concurso literário em que os jurados dão a cara tapa e os livros participantes ainda são contemplados com críticas que, a julgar por este jogo e pelos da última edição, são de excelente nível.

    bom gauchão!

    • Lu Thomé disse:

      Oi Eduardo! Agradeço as tuas observações. Mas me defendo por aqui: acho que não é uma questão de “extrema condescendência”. Constatamos que mais autores escrevem narrativas longas e mais editoras as publicam. O grande número de concorrentes do Gauchão 2011 é um reflexo desse mercado. E, mesmo assim, vários títulos ficaram de fora. Ao mesmo tempo, considero que não seria justo fazer uma pré-seleção, pois o mesmo mercado não nos oferece bases para isso (já é velha e desgastada a discussão sobre o mérito ou não de prêmios literários e outras iniciativas que destacam a literatura, e também correríamos o risco de debater sempre os mesmos livros). E é por isso mesmo que defendo o Gauchão nos moldes como ele está: com mais livros e decisões no mata-mata. É um teste. Mas vamos ver o que acontece. Esse foi o primeiro jogo.

      • Aguarda que já já, se não fizeram ainda, vão te fazer pedidos pra criar uma SEGUNDONA do Gauchão, ou repescagem, ou fase inicial com livros pré-selecionados pra participar da fase de grupos, como na Champíons League. Mas preza mesmo vai ser quando rolar uma LIBERTADORES DE AMÉRICA!

  7. Culpe a eterna mania brasileira de seguir modinhas, e não a condescendência, pelos 48 concorrentes.

    A modinha da vez são as gráfic… editoras de livros. Hoje, chutou pedra do chão, saltam duas novas editoras – antigamente elas nem existiam. Logo, vai ser que nem ter cachorro – todo mundo vai ter uma “editora” (ênfase nas aspas), publicando livro em troca de trocos, sem nem revisar. Se continuar assim, o próximo gauchão vai ter uns 128 concorrentes…

    O que me chateia é que já vi livro muito bom se perder devido ao descaso das editoras, principalmente no tocante à revisão e à editoração. É uma pena, pra não dizer um desrespeito.

    • Existem muias editoras-gráficas, é verdade, que publicam autores que pagam pra serem publicados independente da qualidade de seus livros. Mas existem muitas editoras que fazem uma parceria com o autor, justamente por serem pequenas e não terem capital de giro, mas seus editores têm capital intelectual suficiente pra selecionarem o que é bom ou não e muitas editoras e autores que hoje são mais conhecidos e reconhecidos começaram assim, então não vejo por que julgar o excesso de concorrentes. O excesso pode confundir, mas sempre é melhor o excesso que a escassez.

  8. Gauchão começa em grande estilo com uma fenomenal arbitragem de Luiz Paulo Faccioli. Grande atuação do árbitro (só mesmo em copas literárias como estas uma frase dessas pode ser dita depois de um jogo)

  9. Em todo o caso, qualquer livro que se enfrente a um título do Veríssimo corre um risco imenso. O cara é bom demais!

  10. Anderson disse:

    O que seria uma boa pré-seleção?
    Verificar se o livro saiu ou não do bolso do autor?
    Verificar se a revisão foi bem feita?
    Verificar se é alta ou baixa literatura?
    Verificar se o lançamento é nacional ou regional?
    Qual desses pré-requisitos é menos preconceituoso?
    Me preocupa, na verdade, é ver os livros serem pré-julgados em comparações injustas.
    Me preocupa ler nos comentários um “não li (nem vou ler)”.
    Me preocupa essa reação pseudo-intelectualizada de pessoas que dariam a vitória antes de ler os livros.
    Entristece…
    Entristece pois assim surgem dezenas de LFV wannabes e poucas Rosanes Pereira com coragem de se expor, de se revelar, de enfrentar. E depois discutimos em mesas cada vez menores e mais empoeiradas da academia os motivos de as pessoas lerem cada vez menos. E nos revoltamos quando os jovens transformam Crepúsculos em best sellers.
    Rosane… parabéns. Parabéns pela iniciativa, pela ideia inovadora, e pela coragem de se expor.
    Para um time novo, praticamente de categoria de base, fizeste um jogo excelente contra um time que já ganhou mundiais. Fizeste bem tua parte. Espero que possas colher excelentes frutos desta semeadura.
    E não desiste… segue em frente com teus sonhos. Todos começam por algum lugar.

  11. Talvez o estilo e a caracterização dos personagens deixem a desejar, como disse o resenhista, mas a idéia desse “Estranhos, noturnos… e amantes” é muito boa. Um casal procura reescrever sua comunicação passada, refazer a narrativa de sua existência anterior. Não comento a execução (não li), mas taí um belo material para metaliteratura.

  12. Por que diabos brasileiro é sempre assim? Basta surgir um maluco falando mal, e uma horda o seguirá falando mal também, até quando chegar um outro maluco falando bem, e nova horda seguirá falando bem junto com este último… Bah!
    Tá cheio de gráfica se fingindo de editora e cobrando CARO pra publicar livro mal revisado por aí. E, assim como “de boas intenções o inferno tá cheio”, livro mal revisado NÃO MERECE ganhar prêmio. PONTO.

    • Mas Fabian, tanto não merece que não vai ganhar, o livro com problemas de revisão ficou para trás. O que me pareceu estar em debate é a atitude de querer limar os competidores da competição já de início com base nesse critério. São 48 times, um número bem alto, mas se os livros estão aí, acho que o Gauchão tem o mérito de promover uma leitura do atual panorama apontando inclusive os problemas, como o Luiz Paulo fez muito bem.

      Já imputar o inchaço exclusivamente às gráficas-editoras é um pouco injusto, uma vez que mesmo as maiores casas lançam um número inacreditável de publicações a cada mês – e mesmo essas editoras não escapam de graves problemas na revisão. Comprei no ano passado por um preço razoavelmente salgado um livro de um autor francês traduzido por um renomado tradutor do idioma aqui no Estado e publicado por uma das casas com bom tempo de atuação no Rio Grande do Sul e o livro tinha um número acintoso de erros de tradução, digitação e quetais, como se nunca tivesse passado por uma revisão – depois ouvi falar que nunca havia sido mesmo.

      • Sou franco em dizer que a inexperiência e o desconhecimento são minha pós-graduação autodidática preferida… Não sei se alguns dez anos atrás eu era muito burro, a ponto de não achar erro algum nos livros que lia, e se evoluí e comecei a achá-los apenas agora, ou se, assim como antes havia menos editoras e escritores e livros, havia também menos erros, e mais e/ou melhores revisores, e agora tudo isso se inverteu, e o mercado literário tornou-se realmente um mercado, onde o que importa é publicar e vender e capitalizar… Não sei nem se não é nada disso, ou se é tudo isso junto.

        O fato é que, antes de publicar meu próprio livro, participei da revisão de um outro, e a editora simplesmente DESTRUIU nossa revisão, trocando e misturando textos originais não revisados durante a editoração, obrigando a mim e à autora a rever tudo, de cabo a rabo.

        Outro caso foi um livro que li, totalmente contaminado pelos erros de grafia e mesmo de editoração. Em conversa direta com a autora, descobri que um dos técnicos da gráfica havia mandado imprimir o original NÃO revisado ao invés do arquivo correto. Uma desgraceira só para a pobre escritora, que por N motivos, não podia nem mesmo processar a gráfica.

        E nem vou contar os tantos livros novos que encontrei por aí, mal escritos ou mal revisados.

        Se os franceses de lá, por este ou aquele motivo, quiserem publicar livros não-revisados, assim, de propósito, e os franceses daqui quiserem traduzir a coisa toda do mesmo jeito, o problema é deles. Aqui no Brasil, terra da presunção de culpabilidade, os erros editoriais podem até acontecer por outras causas, mas SEMPRE vão cheirar primeiro a jeitinho, e à onipresente negligência do “tanto faz”.

        Desnecessário dizer que isso é apenas a minha humilde e burra opinião. No momento estou mais preocupado em tentar esclarecer uma dúvida cruel que vem me atucanando: por que diabos os jogos do gauchão de literatura têm um árbitro, mas não têm BANDEIRINHAS????

        Abração. =)

        • Oi, Fabian. No caso do livro que eu citei, o problema foi aqui no Brasil mesmo – uma série de equívocos levou à impressão da versão original do livro sem revisão. O “tanto faz” fica por conta da ideia de colocar o livro nas livrarias assim mesmo custando R$ 60.

          Concordo contigo que hoje há mais pressa e mais problemas, só reitero o que havia dito ali em cima: isso pode ser resultado de um maior número de editoras, mas não é essa a única razão. Esse tipo de desastre e às vezes de negligência ocorre em qualquer casa publicadora.

  13. Djegovsky disse:

    “Fizeste bem tua parte.”
    “Espero que possas colher excelentes frutos desta semeadura.”
    “segue em frente com teus sonhos.”
    “Todos começam por algum lugar.”

    Acho que nunca tinha visto fã e artista em tão boa sintonia.

  14. Agradeço a gentileza de todos os que apreciaram minha participação na partida e que postaram comentários a respeito. Gostei também de ter levantado algumas questões para reflexão. Penso que sem elas o Gauchão perderia o sentido.

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