JOGO 14 – Os famosos e os duendes da morte x O arcanjo inconfidente

JOGO 14

Os famosos e os duendes da morte,
de Ismael Caneppele (Iluminuras / 2010)
x
O arcanjo inconfidente,
de Benhur Bortolotto (Movimento / 2009)

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JUÍZA
Tássia Kastner
– Jornalista, repórter de Zero Hora, colaboradora (em falta) do blog Mundo Livro. Palpita em @TassiaKastner, ainda que menos sobre literatura do que gostaria.

Os times

Não com muitos critérios, já que não sou adepta da leitura de orelhas e contracapas antes de ler a obra, comecei esse jogo por O arcanjo inconfidente (Benhur Bortolotto), deixando Os famosos e os duendes da morte (Ismael Caneppele) para depois. Culpa da capa – o casalzinho de Os famosos não me convenceu.

Não que a capa de O arcanjo seja lá muito convidativa, mas o maior desafio mesmo foi enfrentar 192 páginas de uma leitura arrastada, em um papel tão branco que refletia e espaçamento de entrelinhas mínimo – uma ginástica que quase me impediu de chegar ao segundo livro a tempo.

Nisso, o projeto de Os famosos e os duendes da morte foi o alívio. Gênio o inventor do papel pólen (até que alguém me convença a migrar para o livro digital).

Dito isso, vamos ao jogo:

O arcanjo inconfidente, romance de estreia do jovem Benhur Bortolotto, conta a história de um velho exilado em uma cidade do interior, que vê todos os seus amigos e sua mulher morrerem. Quando não há mais ninguém para enterrar, começa a ocupar seus dias com aprendizados na cozinha e com a vida dos vizinhos e da empregada, numa tentativa de não pensar no próprio fim. Em não pensar se deseja morrer.

Histórias protagonizadas por velhos, na mais previsível das hipóteses, seguirão a linha melancólica de quem se depara com a morte e sofre com isso. Mas melancolia e marasmo não são sinônimos, ainda que em O arcanjo pareçam.

Escrito com frases longas, parágrafos mais e descrições ensaiando referências poéticas, o texto de Benhur se torna um interminável desafio de leitura. E ao invés de conhecer esse velho que ocupa as páginas do livro, ou encontrar uma história de fato, a impressão que se tem é de que não há nada sendo contado. É preciso avançar, passo a passo, em busca de uma história, que começa a se esboçar apenas na metade do livro, com a aparição do jovem Gabriel.

De cara é possível perceber que o velho se apaixona pelo garoto – filho do vizinho militar –, lembrando um amor de juventude. O final já é possível imaginar e, enquanto ele não chega, é preciso conviver com um vocabulário excessivamente rebuscado, que incomoda o leitor, além das intermináveis descrições de dias e noites:

Os galos cantaram a aurora que trouxe luz à segunda-feira e as poças d’água no chão refletiam o azul no céu que devolvera às araucárias as suas copadas e às flores seus perfumes e cores.

O arrastado do texto se prestaria, em alguma medida, para dar peso a alguns poucos conflitos vividos pelo velho de forma mais concreta. É bela a cena em que ele percebe que foi anotar o que havia feito, de forma a compensar a perda da memória recente, mas nem o recurso o socorre do esquecimento. O contraponto, os momentos em que recupera a vontade de viver na companhia de Gabriel, não aparece na escrita.

O leitor precisa ser paciente, como quem sabe que ao fim entenderá o que o autor quis dizer, ainda que não fique lá muito claro. Como se as (várias) primeiras páginas existissem apenas para fazer com que o leitor estivesse ocupado até ali. O desfecho, ainda assim, é bastante óbvio.

Incomodam os clichês de defesa do “faço com a minha vida o que eu quiser”, para as relações homossexuais vividas pelo velho, e a forma de reforço como o preconceito racial é apresentado até a chegada do arrependimento do velho, que começa a buscar as melhores soluções para a vida dos negros à sua volta. É sempre temeroso tratar de preconceitos quando as frases parecem sustentá-lo.

Por outra linha vai Os famosos e os duendes da morte. Com frases curtas, parágrafos idem, e um diálogo constante do jovem ainda no colégio com a pessoa morta em um suposto acidente em uma ponte sobre o Rio Taquari. O romance fala sobre a vontade de ir embora. De fugir para o mundo que conhece apenas pelas notícias.

Fugir para o mundo é fugir de si mesmo: deixar de ser o garoto que imagina seu nome sujo por pequenos furtos. É se imaginar alguém diferente daquilo que os outros enxergam, como alguém que envelhecerá sozinho e cuidará, velho e gordo, da loja que pertenceu ao pai, também morto. É se ver em outra perspectiva, como tenta o garoto que não suporta a perda.

“Estar perto não é físico”, repete para si, uma tentativa de se convencer que dói menos as perdas recentes. Que doerá menos em que fica.

Se há algo em comum entre os dois títulos é a insatisfação, o incômodo consigo e com o mundo, com a vantagem da juventude que, mesmo tão melancólica quanto a velhice, tem a seu favor a perspectiva de mudança. O desejo de ser diferente.

Mas Ismael Caneppele consegue traduzir esse sentimento com economia de palavras, com frases incompletas. Algo impensável na prosa de Benhur Bortolotto, que falha pelo excesso. Ismael também inclui a música em sua literatura, e ousa a ponto de incluir links de vídeos do YouTube, um convite à interrupção da leitura para entrar no universo do personagem – experimento de livro que virou filme, música e projeto fotográfico.

PS: Depois da leitura do livro, encarei as contracapas, como dito lá em cima. Descobri (perdoem a eventual alienação) que Os famosos virou filme, dirigido pelo Esmir Filho (que também assina o texto). Devidamente assistido, também recomendo a linda adaptação.

PS2: Nos dois livros, as orelhas são assinadas. E quanto louvor aos autores. Menos, gente. Menos.

PLACAR
Os famosos e os duendes da morte 3 x 0 O arcanjo inconfidente

VENCEDOR
Os famosos e os duendes da morte
, de Ismael Caneppele

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29 respostas para JOGO 14 – Os famosos e os duendes da morte x O arcanjo inconfidente

  1. Taize Odelli disse:

    O que a juíza apontou como ponto negativo do livro do Benhur foi justamente o que eu gostei nele hahahaha
    Curti a leitura lenta e arrastada, mais contemplativa seguindo pelo humor rabugento do velho (gosto de velhos rabugentos!), da forma que ele trata as outras personagens, desconcertando-as, criando conflitos quando na verdade aponta o caminho para a resolução de algum problema maior.
    Concordo com a crítica às folhas brancas, são de doer os olhos. Mas, como pra qualquer outro livro (oi, pockets da L&PM), isso não fica acima de seu conteúdo.
    Não li o outro então nem tenho como comparar também, mas lamento a derrota.

    • Tássia Kastner disse:

      Rá! Alguns pockets tb são impossíveis de ler (ah, o espaçamento entrelinhas), outros, mais bem diagramados, ficam bem bons. Claro que o suporte nunca vai ser empecilho para a leitura, que o conteúdo sempre será o importante, mas dá pra ajudar o pobre leitor, né?
      😉

  2. Marcelo disse:

    “Histórias protagonizadas por velhos, na mais previsível das hipóteses, seguirão a linha melancólica de quem se depara com a morte e sofre com isso.” Também é muito previsível os velhos se apaixonarem por jovens do mesmo sexo. Só li O Arcanjo, mas agora me sinto obrigado a ler Os Famosos porque deve ser um livro maravilhoso.

    • Homero Jucceni disse:

      É previsível os velhos se apaixonarem por jovens do mesmo sexo? Em que planeta?

      • Rosane Seni disse:

        (risos)…
        Homero, como eu ja falei anteriormente, tornei0me sua fã….

      • Marcelo disse:

        No planeta Tássia Kastner. Também é previsível que, por amor, eles tramem corrupções que por conforto e tranquilidade haviam até então se negado a tramar. Cada um lê tão fundo quanto pode. Preciso de tempo ainda para me adaptar à crítica jornalística.

  3. No seu facebook, o Ismael Caneppele comemora discretamente a vitória, e diz o que é a mais pura verdade: que no Gauchão de Literatura, além do juiz, também “devia ter 2 bandeirinhas…” Válida a sugestão! =)

  4. Valéria Surreaux disse:

    Tássia, mesmo não sendo crítica literária, fiquei perplexa com tua visão errônea d’O Arcanjo. Não sei se tu esperavas uma abordagem mais maniqueísta das relações entre brancos e negros. As frases que, segundo tua análise, parecem sustentar o preconceito não são o reverso dos sentimentos racistas que o Benhur explora, mas são mais uma das perspectivas que ele busca contemplar. Entendo que esta não seja uma leitura fácil, mas acredito que tua leitura apressada te impediu de perceber coisas interessantes que permitiriam uma arbitragem mais justa.

  5. Luiza disse:

    Concordo plenamente Valeria! Esse Benhur Bortolotto é mesmo muito bom!

  6. Bruno Vanzelli disse:

    Críticas pelo vocabulário requintado, pelas longas frases, pela descrição… Talvez a juíza queira tirar nota de alguns nomes consagrados da literatura também. José Saramago possui um dos vocabulários mais requintados que existem, Eça de Queirós também não foge à regra, sem contar que esse último é mestre em longas descrições. Será que ela tiraria nota desses autores?
    Quanto a ficar perceptível que o velho trazia lembranças de um passado que depositou em Gabriel, é claro que a ideia era deixar perceptível! Agora, imaginar que o velho teve um caso homossexual e daí que ele se envolveu tanto com o garoto, oras, a juíza deve ter clarevidência.
    Já as críticas a abordagem do preconceito na obra, eu acho que sequer preciso comentar. Até porque eu vou acabar perdendo a classe depois de ler tamanha barbárie.

    • Salvatierra disse:

      Julgando pelo trecho pinçado pela crítica Tássia, o problema não é o requinte e as frases longas, e sim o fato de que tudo isso está empregado de modo cafona. Tem algo mais cafona que aquela descrição da aurora? Saramago também usa vocabulário requintado, mas de modo completamente distinto, nunca a favor de descrições melosas.

      • Bruno Vanzelli disse:

        Bom, deixe-me dar um outro exemplo de autor que não só é consagrado, como temos de estudá-ló tamanha sua importância: José de Alencar. O que me diz das descrições dele?
        A obra do Bortolotto possui sim um pesado vocabulário e tem descrições extensas. O que eu quero mostrar é que essas características não podem ser negativamente da maneira que fez a juíza. Ela se baseou em argumentos completamente falsos, não me parece que tenha lido direito o romance.
        Bortolotto, em “O Arcanjo Inconfidente”, possui características de obras que marcaram a história da humanidade, sem deixar de ser original. A visão do romance como um romance cafona, me parece a mesma visão de um adolescente do colegial que acha que Eça de Queirós é chato. Essa é a visão da juíza, uma visão limitada.

        • Gertrude disse:

          José de Alencar??? Poxa acho um porre. Eça e Saramago ok. Mas outra: nivelar esse Arcanjo com “obras que marcaram a história da humanidade”? Menos, amigo. Daí acho que ele nem devia concorrer ao Gauchão. Tem que indicar o autor ao Nobel. É isso?

        • Salvatierra disse:

          Tanto Eça como José de Alencar foram importantíssimos – para a sua época. Em pleno século XXI não faz sentido repetir as suas estratégias descritivas, pois isso seria um anacronismo. Um escritor que escreve nos dias de hoje se encaixa em um panorama literário que não é o mesmo do século XIX. Imagine uma descrição com essa da Aurora em um livro de algum dos grandes nomes da literatura brasileira de hoje? Imagine esse trecho saindo de um texto de Sérgio Sant’Anna ou de João Gilberto Noll ou de Amilcar Bettega?

  7. Bruno Mattos disse:

    Aqui eu concordo com o Aleister. Em outro tópico, houve uma crítica porque se discutiu pouco os motivos pelos quais um livro deveria perder o jogo. Não é o que aconteceu aqui.

    Fazendo mais uma analogia terrível com o futebol (temos poucas aqui, heh), o fanatismo das torcidas é algo que fode tudo. Nas caixas de comentários, parece que todos os livros participantes do Gauchão são intocáveis, todas as críticas são injustas.

    Não são, em ambos os casos. Ao meu ver, um dos principais méritos do Gauchão é, justamente, dar uma oportunidade para que escritores em início de carreira leiam opiniões – inclusive negativas – sobre seus próprios livros.

    E concordo, também, com o Salvatierra. Tudo na literatura pode se tornar recurso, mas é fundamental que esses recursos sejam bem utilizados. Senão, a gente lia dicionário.

    Um abraço,

  8. Homero Jucceni disse:

    A resenhista pareceu-me ter feito suas escolhas a partir de critérios, os quais ela deixa claro em sua resenha. Concordando ou não com ela, não há como desqualificá-la – ela leu as obras, diferentemente do resenhista do jogo 9, por exemplo, que parece não ter lido as obras e ainda foi grosseiro com uma das autoras.

  9. Tenho a esperança de que o Gauchão tenha um aspecto pedagógico, o de fazer com que a maioria dos livros publicados no estado ganhe uma leitura pública – o que expõe o autor à opinião de pessoas que não têm motivos para gostar de seu livro, como a própria mãe (ou, no caso aqui, a irmã). Um autor tem de apresentar seu livro a leitores que não o conhecem e ainda assim cativá-los ou despertar neles apreciação pelos seus méritos independentemente de se o sujeito é um cara bacana ou irmão de alguém.
    E xingar o juiz porque achou que a crítica não foi válida, apresentando argumentos que mais comprovam a crítica do que propriamente a refutam, é um procedimento deselegante, para dizer o mínimo.

    • Carlos André, concordo em gênero, número e grau, como diria meu pai.

      Tem uma coisa que eu já discuti no último Gauchão e que acho que é um dos méritos do campeonato: trazer gente muito diferente para escrever as partidas (resenhas, críticas, etc). Tem estudante acadêmico dos cursos mais variados, tem publicitário, médico e jornalista, tem professor acadêmico e de Ensino Médio. Isso enriquece o campeonato, a meu ver. Poucos convidados para apitar são críticos literários profissionais, como é o Carlos André aí (que ano passado abriu e fechou os trabalhos do campeonato e neste ano aparece como concorrente). Seria muito chato se só um tipo de profissional escrevesse sobre os livros, pelo menos aqui. Afinal, pra gente como eu, que faço doutorado em literatura e lido com textos acadêmicos frequentemente, é ótimo ler essas partidas, bem diferentes umas das outras.

      Além disso, mesmo que essa primeira fase dessa edição seja eliminatória, mesmo que alguns livros acabem tendo apenas uma leitura, essa leitura traz visibilidade para o livro derrotado, mesmo que a crítica não seja muito bem construída, como foi o caso da partida 9 (partida, aliás, que não disse nada relevante nem sobre o livro vencedor).

      Digo isso tudo, mesmo sabendo que não tem relação direta com a polêmica toda, porque o argumento mais comum contra o juiz que se lê aqui e que se leu na edição anterior do Gauchão é que o juiz apitou errado porque não tem formação na área de Jornalismo ou Letras/Literatura ou justamente porque tem formação em alguma dessas áreas.

      Tássia, teu texto está super bem fundamentado: ela explicou o que a incomodou n'”O arcanjo inconfidente” e que embasou sua decisão. Ainda que tenha sido vencedor, “Os famosos e os duendes da morte” também recebeu observações restritivas por parte da autora do texto.

      Não li nenhum dos dois livros ainda. Tenho uma aluna que é fã d'”Os famosos…” e já me obriguei a ler o livro. Com relação ao livro do Benhur, gostei do comentário da Taize, que apresenta um contraponto elegante à crítica da Tássia e que estimula a leitura. Entretanto, os demais defensores do livro só contribuíram para afastar meu interesse. Como em geral gosto dos comentários da Taize, quando tiver um tempo sobrando lerei o livro, mas sugiro que Bruno, Luiza e Valéria não tentem mais defender o livro da forma como estão defendendo. De preferência, não façam mais comentários, porque vocês não estão apresentando argumentos.

      PS: e antes que alguém diga que sou amigo da Tássia, da Taize ou do Carlos André, registro: não conheço a Tássia nem a Taize. Quanto ao Carlos André, o conheço, mas não somos amigos pessoais. Fomos colegas na Oficina do Assis Brasil, apitamos juntos (acompanhados também do Luiz Gonzaga Lopes) a final do Gauchão do ano passado, mas temos cá nossas divergências.

    • Homero Jucceni disse:

      Aplaudo o Carlos André Moreira pela lucidez e equilíbrio. O CGL não pode se tornar um campo de batalha desqualificado como, em geral, são os blogs comuns. O objetivo aqui precisa ser pedagógico e dar espaço a que os leitores conheçam mais sobre as obras.

  10. Athos Ronaldo Miralha da Cunha disse:

    Arrisco a dizer que todos os amigos que postaram aqui, nesse jogo, não leram os dois livros. Assim, ficamos debatendo a resenha… como em todos os demais casos.
    Aí, vai pela paixão ou amizade com um ou outro autor. Ou pelo gosto da leitura, pois, embora não lendo o livro conhecemos o estilo do escritor.
    Num jogo de futebol quanto menos o árbitro interferir no resultado melhor será o jogo e aceitável o resultado. Já nesse gauchão literário o árbitro influencia diretamente no resultado. O resultado do jogo fica a mercê de uma única pessoa. E não há nada de errado nisso, pois é a regra do jogo e temos que aceitá-la. Debatermos e aprimorarmos para o próximo ano.
    Particularmente, acredito que a resenha foi bem feita. Despendeu tempo e fez sua leitura do que – na sua opinião – seria o melhor.
    Sigamos…

  11. Athos, de fato, com tantos livros em disputa, será mais difícil que muitos tenham lido todos os livros em competição – eu até li uma boa parte (não estes dois em particular), mas como este ano sou competidor, também não acho que deva comentar os livros que também estão concorrendo, por questão de decoro. Mas não vejo mal em discutirmos também as resenhas vez por outra. A resenha discute o livro, os comentários discutem a resenha e podemos tirar bons debates sobre o próprio papel de uma resenha crítica, sobre a quanto de arbitrário e aleatório uma avaliação apresenta. Acho uma boa oportunidade para discutir nosso próprio sistema literário, uma vez que estamos pondo em questão também a relação dos autores com a crítica e vice-versa, algo que muitas vezes não é colocado na literatura produzida aqui.

  12. Entendo o Marcelo Frizon.
    Na disputa do meu livro, foram apontadas muitas coisas com as quais não concordei, e o tempo todo mantive o silêncio em relação às críticas. Não estou aqui para me justificar. Não acho que eu precise. Nunca pensei que agradaria a todos.
    Nesta semana ouvi uma frase de algum artista (que não lembro qual) que dizia não ouvir ou acreditar nas críticas positivas, pois isso faria com que as críticas negativa se tornassem tão reais quanto ás outras. Acho que em suma, é isso. Ouça tudo (no caso, leia) absorva o que pode te ajudar, e bola pra frente.
    Me incomoda gente que não sabe lidar com a derrota e logo parte para a agressão.
    Esse locus externo é perigoso, e triste.
    E não… não há como agradar a todos… e é menor ainda a probabilidade de, incisivamente, fazer alguém nos aceitar e amar goela abaixo.

    Ahhh… eu prefiro os textos com descrições longas.
    Sou do terror / suspense / fantasia, e sou fã do Stephen King. O King descreve minuciosamente até a sensação do odor da flatulência de alguns personagens (óleo de motor + banana escurecida em “O Apanhador de Sonhos” – ou algo assim…)
    Acostumei com o autor me guiando pela mão.

  13. Samir disse:

    Gostaria de colocar que:
    a) Não apenas concordo com o Marcelo, que um dos maiores méritos do Gauchão é trazer entre os resenhistas pessoas das mais diversas áreas, como já ouvi gente criticando o Gauchão por achar que crítica literária não deveria ser feita fora da academia (a Torre de Marfim, imagino, anda mais empoeirada do que nunca).
    b) Faço minhas as esperanças do Carlos André, de que o Gauchão tenha essa função pedagógica de ensinar os autores a lidar com as críticas de fora do círculo de amizades e familiares. Opinião de mãe não conta (a minha, aliás, levou quase dois anos pra ler meu livro, e nunca comentou muito, até hoje acho que ela não gostou). Quem vai pra chuva é para se molhar, os amigos e familiares poupem o autor de paternalismo e condescendência, a evolução do trabalho dele depende disso.
    c) Acho que nenhum autor brasileiro conseguiu afastar tanto o brasileiro da vontade de ler um livro do que José de Alencar. Que não se tenha como ambição literária torturar a vida escolar de um adolescente.
    d) Não li nenhum dos livros, mas gostei do filme. Será que conta?

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